Edna Lautert

Faço do tempo um elemento na eterna tentativa de construir uma vida com mais graça e com mais cor.



quarta-feira, 29 de junho de 2011

ROSEIRAL


Havia um tempo, no Roseiral, em que tudo era frieza, e as confusões humanas aumentavam. A desculpa era que o amor adoecera, e que a fraternidade não merecia mais crédito. 
Os humanos viviam em constante flagelo na alma, pois não conseguiam ouvir os sinais do amor em meio à multidão. Repensá-lo tornou-se uma meta difícil.
Devido ao turbilhão de vozes e aos milhares de pares de mãos acenando, as escolhas, muitas vezes, eram equivocadas. Dava-se crédito a bens materiais, e a pessoas que pregavam o fim da paz e da sobriedade. As mãos que acenavam eram mãos que confundiam o olhar, por serem belas e delicadas, mas na verdade serviam como alucinógenos para quem não enxergava mais com o coração: vencia a futilidade, a ganância, o ego, a falta de pudor, o abandono, e o mundo transformava-se em um estranho espinhadeiro.
Não muito longe, porém, gritos de liberdade ecoavam pelos campos e chegavam ao Roseiral: eram vozes daqueles que ainda ousavam acreditar no amor e no seu renascimento diário. Eram os loucos que alimentavam os famintos do vilarejo das Trevas. E que a cada dia plantavam uma semente para florescer no futuro, enquanto a humanidade não encontrava a existência plena, por não ouvir seus próprios sentimentos.

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